A Polícia Civil do RJ e o Ministério Público
do Rio de Janeiro (MPRJ) iniciaram nesta quarta-feira
(23), em nove
estados e no DF, a Operação Mercador de Ilusões, contra a lavagem de dinheiro do Comando Vermelho, a
maior facção criminosa do estado. Segundo as investigações, o esquema
do tráfico de drogas movimentou R$ 3 bilhões entre 2019 e 2021.
Agentes saíram para
cumprir seis mandados de prisão e 40 de busca e
apreensão. A 1ª Vara Especializada do Crime Organizado do RJ também determinou o bloqueio
de R$ 681 milhões nas contas dos suspeitos e o
arresto de bens.
Os agentes cumprem os mandados na capital fluminense, nos municípios de São Gonçalo e Belford Roxo, e nos estados de São Paulo, Goiás, Santa Catarina, Paraná, Minhas Gerais, Amapá, Rio Grande do Norte e Pernambuco, além do Distrito Federal.
Como era o esquema
A força-tarefa afirma que o esquema é utilizado por Antônio Ilário Ferreira, o Rabicó, para ocultar o dinheiro arrecadado
com a venda de drogas e para comprar armas e entorpecentes.
O MPRJ afirma que os criminosos utilizam uma prática conhecida
como smurfing, que consiste
em depósitos de grandes quantias de forma fracionada.
De acordo com as investigações, dois depósitos bancários feitos em favor
de duas empresas em outubro de 2019, nos valores de R$ 30 mil e R$ 23.700, vieram da Comunidade do Brejal,
situada no Complexo do Salgueiro — dominada pelo Comando Vermelho e chefiada
por Rabicó.
“A partir do acompanhamento da movimentação
financeira dessas duas empresas, descortinou-se um esquema criminoso que
envolve diversas pessoas pelo país”, afirma o MPRJ.
Segundo os promotores, muitos desses laranjas moram em regiões de
fronteira e figuram como sócios ou procuradores de empresas que não ostentam
qualquer traço empresarial relevante, como estabelecimento comercial ou quadro
de funcionários — “mas mesmo
assim têm movimentações de quantias milionárias, indicando
toda uma cadeia fraudulenta de lavagem de capitais”.
O MPRJ também apurou que empresas lavam
dinheiro por meio de criptomoedas — ativos
financeiros digitais e protegidos por criptografia, movimentados sem o controle
do Banco Central, da Receita Federal e de outros órgãos de fiscalização, “o que
dificulta o rastreio das transações e favorece a lavagem de dinheiro e a evasão
de divisas”.
A Operação Mercador de Ilusões é uma parceria do Departamento-Geral de
Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro da Polícia
Civil do RJ com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
(Gaeco/MPRJ) e as polícias civis do Distrito Federal, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Minas Gerais, Amapá,
Pernambuco e Rio Grande do Norte. g1
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