O prefeito de Boa Esperança do Sul (SP), José Manoel de Souza (PP), conhecido como Manoel do Vitorinho, confirmou nesta quinta-feira (24) à EPTV, afiliada da TV Globo, que o pastor Arilton Moura pediu R$ 40 mil de propina para enviar verbas do Ministério da Educação para o município, após um encontro de gestores municipais com o ministro Milton Ribeiro, em março de 2021.
Em nota divulgada na terça (22),
Ribeiro negou favorecimento a
pastores e também que a prática ocorresse a pedido de Bolsonaro. O g1 não conseguiu localizar o pastor Arilton Moura
para comentar a acusação do prefeito de Boa Esperança do Sul.
Pedido de propina
Em
18 de março do ano passado, Manoel do Vitorinho estava em Brasília (DF) para
participar de um encontro promovido pelo ministro da Educação com cerca de 30
gestores municipais - o compromisso consta na agenda oficial do ministro Milton
Ribeiro.
A conversa com o pastor Arilton aconteceu no restaurante de um hotel, após a
reunião no MEC.
"Quando acabou a reunião eu encontrei o prefeito de Gavião Peixoto e o de Nova Europa e falei ‘acho que viemos numa furada,
que reunião sem conteúdo’. Nisso veio um cara que eu não lembro o nome e
perguntou se eu estava bravo, respondi que sim e ele me perguntou se eu tinha
levado ofícios. Depois de protocolar, ele convidou para almoçar no restaurante
do hotel e disse ‘é que lá vai estar o pastor Arilton e o pastor Gilmar, eles
vão falar um pouquinho sobre as demandas que vão liberar para os municípios’.
Pegamos um táxi e fomos”, disse o prefeito à EPTV.
"Ele [Arilton] falou:
'prefeito, você sabe como as coisas funcionam, não dá pra ajudar todas as
cidades, mas eu posso ajudar seu município'. Perguntei como e ele [Arilton]
disse que era com uma escola profissionalizante. Respondi que isso não era uma
necessidade do município e ele disse: ‘olha prefeito, eu consigo fazer um
papel, um ofício agora, te libero a escola, mas em contrapartida você precisa
depositar R$ 40 mil na conta da igreja evangélica'. Eu levantei, bati no ombro
dele e falei ‘muito obrigado, pastor. Pra mim, dessa forma, não serve!’”,
contou.
Nojo
Souza
revelou que após o pedido receber o pedido de propina, sentou com os prefeitos
de Gavião Peixoto e de Nova Europa e contou o que tinha acontecido.
“Falei ‘pelo amor de Deus,
que barca errada a gente veio parar em plena pandemia’. A gente acabou de
almoçar rapidamente, pagamos nossa conta e fomos embora. Senti totalmente
descrente”, revelou.
Mas naquele momento que acontece com você,
eu me senti totalmente enojado, descrente. Em plena pandemia, pastores roubando
a educação. Foi uma sensação horrível. Nos três (prefeitos) voltamos meio que
desacreditados. Se o governo federal, se os pastores estão fazendo parte, ter
que pagar para você ter algo que é direito do município, foi uma sensação muito
ruim”, lamentou.
Sobre não ter denunciado a situação na época e ter decidido falar
agora, o prefeito afirmou que "na época havia acabado de assumir a
prefeitura. Fiquei assustado com tudo isso e jurei para mim mesmo jamais voltar
a pisar no MEC. O tempo passou e vi muitas coisas boas na política e pessoas
extremamente corretas, o que me fez deixar em segundo plano o ocorrido. Voltei
a rememorar o assunto somente com a repercussão das últimas matérias",
disse ao g1.
Denúncias
Para
o prefeito Kelton Pinheiro (Cidadania), da cidade goiana de Bonfinópolis (GO),
o pastor Arilton Moura teria pedido R$ 15 mil.
Já o prefeito do município de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga
(PSDB) disse ao jornal "O Estado de S. Paulo" que o pastor Arilton
Moura pediu ouro em troca do repasse de recursos.
Braga contou ainda que o pedido foi feito em meio a outros prefeitos.
Ele afirmou que não aceitou o pedido de propina. g1
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