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* Blogueiro que sofreu tentativa de as assassinato emite Nota Oficial no RN.

 Hoje venho abrir o coração. Desabafar. Falar como ser humano. Como filho, neto, vizinho, amigo… e como um homem que aprendeu da maneira mais dura que a vida pode mudar num segundo.

Sou o administrador do Blog ExpressRN, um projeto que nasceu da vontade de informar, de dar a notícia em primeira mão, de correr atrás da verdade. Quando comecei, quase 3 anos atrás, eu jamais imaginava o tamanho da missão que Deus estava colocando nas minhas mãos. O jornalismo me escolheu — e eu abracei com paixão.

Mas não era só sobre manchetes. Era sobre conhecer gente. Ouvir histórias. Sentir na pele o sofrimento do povo. Ver o sorriso de uma mãe ao receber ajuda, o brilho nos olhos de uma criança ao ganhar um brinquedo ou um prato de comida. Aquilo me mudou.

E teve um dia… um dia que nunca mais vou esquecer. Foi há um mês, na comunidade do Mosquito, em Natal. Um caminhão encostou. Desceu gente boa, com cestas básicas, e começou a distribuir. Não foi só alimento. Foi dignidade. Foi amor. Foi esperança. Vi mães felizes, vi crianças correndo de alegria. E ali, parado com o celular na mão, eu chorei. Chorei de verdade.

Naquele momento, entendi tudo: mostrar a felicidade das pessoas é muito mais poderoso do que expor a dor. Mostrar o sorriso é mais revolucionário do que mostrar o desespero, e incentivar outras pessoas a fazer o bem. Decidi mudar o foco do blog. Passei a mostrar o que a maioria das pessoas ignoram: o lado bom da favela, a fé das comunidades, a luz no meio da escuridão. Comecei a postar sorrisos. Crianças brincando. Gente simples, mas feliz. E isso me curou.

Mas aí… veio o dia 15. Um ataque covarde. Sem aviso. Sem sentido. Fui baleado na cabeça. Minha vozinha, com mais de 90 anos, foi ferida no braço. Meu vizinho também foi atingido. E minha mãe… minha guerreira, uma mulher amputada, me viu ensanguentado. Chorando. Implorando por Deus. Aquela cena me destruiu por dentro.

Hoje estou vivo. Com cicatriz, sim. Com dores, sim. Mas com um propósito ainda maior. Estou em segurança, longe da minha família, escondido temporariamente até que a justiça seja feita. Sinto falta da minha mãe, do cheiro da minha vó, do abraço do meu pai — que é esquizofrênico e também precisa de mim. Mas eu estou vivo. E isso já é milagre.

Nota.
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