A definição do que é “normal” em se tratando de sexo varia conforme cultura, momento histórico, religião, sociedade e até perspectiva médica ou psicanalítica. Fora exceções evidentes — como atos não consensuais ou praticados sob transtornos mentais graves, como os de sociopatas —, o conceito de normalidade sexual é amplo, mutável e influenciado pelas normas sociais dominantes.
Em geral, o que é considerado aceitável depende do que a ideologia dominante estabelece como padrão. Esse conjunto de normas é moldado por instituições como a religião, a escola e a família, que variam de acordo com a cultura e a época. O incesto, por exemplo, atualmente condenado no Brasil, foi social e legalmente aceito em diversos períodos históricos. Casamentos consanguíneos eram comuns em pequenas cidades do interior e até usados como estratégia política por famílias reais — como no Egito faraônico, entre os Incas e em casas reais europeias.
O que antes era tabu, hoje pode ser aceito
Ao longo da história, práticas que hoje são vistas como crime ou tabu foram, em determinados contextos, tidas como normais. Em grupos da Nova Guiné, por exemplo, a viúva era incentivada a ter relações sexuais com o corpo do marido morto como parte de um ritual. A pedofilia, embora condenada em muitos países, ainda encontra tolerância legal em lugares onde meninas com capacidade reprodutiva são consideradas aptas a manter relações sexuais. Em países como Áustria e Holanda, a idade legal para consentimento sexual pode ser de apenas 12 anos.
A percepção do que é aceitável também muda dentro da medicina. Há algumas décadas, a homossexualidade era tratada como desvio de conduta. Hoje, é uma orientação amplamente reconhecida como parte da diversidade sexual. O mesmo ocorreu com práticas como sexo anal, poligamia, prostituição e sexo em grupo — antes vistas como desvios e hoje cada vez mais normalizadas, dependendo do meio cultural e do nível de informação das pessoas envolvidas.
Mudanças culturais e consentimento
Com a globalização, muitas dessas fronteiras culturais foram sendo dissolvidas. A circulação de ideias entre diferentes regiões contribuiu para transformar visões sobre práticas antes condenadas.
O que era doença passou a ser visto como expressão da sexualidade humana. Comportamentos como sadomasoquismo, voyeurismo e exibicionismo, antes considerados distúrbios, hoje são tratados com mais naturalidade por parte da população, especialmente quando realizados de forma consensual e segura.
Ainda assim, algumas práticas permanecem amplamente rejeitadas pela sociedade. A necrofilia, por exemplo, continua sendo ilegal e tida como imoral em praticamente todas as culturas, salvo em contextos muito específicos de rituais tradicionais. Nesses casos, o consenso social é tão sólido que o debate nem sequer ocorre entre profissionais da saúde. Por outro lado, relações sexuais consensuais entre adultos, ainda que envolvam preferências fora do padrão, tendem a ser cada vez mais aceitas.
É possível que, no futuro, comportamentos hoje vistos com reservas passem a ser encarados de outra forma. A linha entre o que é considerado normal ou não no sexo não é estática — ela se move de acordo com as mudanças culturais, legais e sociais. No fim das contas, a normalidade sexual parece mais determinada pela lei e pelas normas sociais do que por qualquer definição universal. O importante é considerar o consentimento, o bem-estar e a liberdade de escolha como os pilares fundamentais.
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