Procuradora Especial da Mulher no
Senado e presidente estadual do PSD do Rio Grande do Norte, a senadora Zenaide
Maia voltou à tribuna do plenário da Casa, nesta quarta-feira (09), para
criticar a tentativa de aprovação o novo Código Eleitoral (PLP
112/2021) com trechos que retiram direitos conquistados pelas mulheres na
política, como espaço nos partidos para concorrerem a cargos como prefeita,
vereadora, deputada e senadora.
A parlamentar salienta que a
bancada feminina na Casa (16 senadoras) não abre mão nem do mínimo de 30% de
candidaturas femininas obrigatórias nos partidos políticos, nem da destinação
de 30% de recursos públicos de financiamento eleitoral para custear a campanha
eleitoral dessas candidatas.
“Nós, mulheres, somos mais da
metade da população brasileira, mais de 50% do eleitorado nacional. O projeto
de reforma das leis eleitorais está querendo tirar uma das nossas conquistas
mais importantes, dada pelo Poder Judiciário: a obrigatoriedade de partidos ou
federações ter no mínimo 30% de candidaturas femininas e no mínimo 30% dos
recursos totais de financiamento direcionados para essas candidatas. Querem nos
dar, em troca de desistirmos desses direitos, uma reserva de cadeiras por 20
anos, o que é inaceitável. Nós vamos ficar mais duas décadas com homens
ocupando 80% das Câmaras de Vereadores, Assembleias Legislativas, Câmara dos
Deputados e Senado Federal?”, criticou Zenaide.
Sem consenso e polêmico, o
projeto (PLP 112/2021) foi novamente adiado após acalorado debate, nesta
quarta-feira, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), na qual Zenaide
ocupou espaço na primeira fileira.
Zenaide e as demais senadoras já
apresentaram emendas ao texto e defenderam, em reuniões junto ao relator da
matéria, a retirada dos retrocessos apontados. Elas prosseguem mobilizadas
contra a pressão por votar o projeto e denunciam a perda de direitos.
Conquistas a duras penas
Ressaltando ser presidente
regional de uma legenda e representante de um Estado, o Rio Grande do Norte,
que elegeu a primeira prefeita (Alzira Soriano, em 1927) da América Latina e a
primeira eleitoral mulher a se alistar no país (Celina Guimarães), a parlamentar
ainda destacou, em frente a parlamentares homens e apoiada por colegas como
Teresa Leitão (PT-PE) no plenário nesta quarta, mover uma discussão por
direitos conquistados a “duras penas”, e não por privilégios.
“Nós não estamos pedindo
privilégios, nós estamos querendo direitos. Não estamos querendo apartheid
entre homens e mulheres. Nos cargos políticos, nos locais de decisão da
administração pública, nos cargos eleitor pelo voto direto do povo, somos
sub-representadas. Se o país fracassa, não é culpa das mulheres brasileiras,
que não tem maior participação nos locais de poder”, frisou a senadora.
Proposta de Zenaide
Além de defender que a cota de
30% e a proposta de reserva de cadeiras são complementares e não inviabilizam
uma à outra, Zenaide apresentou parecer favorável a dois projetos de lei (PL
763/2021 e PL
1333/2021) criando uma reserva de 30% de cadeiras de representantes eleitos
a serem ocupadas por mulheres nas Câmaras de Vereadores municipais, nas
Assembleias Legislativas estaduais, na Câmara dos Deputados e no Senado
Federal. Sobre isto, leia
artigo da senadora no jornal Congresso em Foco.
“Sempre alerto para um fato:
tivesse o Congresso Nacional mais parlamentares femininas, não teriam aprovado
uma reforma da previdência que impôs mais sete anos de trabalho para as
mulheres brasileiras, que já lutam tanto e em condições tão difíceis”, observou
Zenaide.
Ainda conforme a senadora
potiguar, nos cargos do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, as mulheres
ocupam apenas cerca de 17,7% das cadeiras na Câmara dos Deputados e 14,8% no
Senado Federal, por exemplo. De acordo com dados da União Interparlamentar
(UIP), que reúne informações de 193 países, o Brasil ocupa a 146ª posição no
ranking de participação feminina no parlamento – percentual muito inferior à
média global, que é de 26,4%.
“Conquistamos com muita luta no dia a dia, com muito respeito, a cota de 30% de candidatas. E também a cota de 30% de recursos que os partidos são obrigados a repassar às campanhas das mulheres, uma defesa para não deixá-las asfixiadas e sem condições de competir com os demais concorrentes em termos de valores financeiros”, assinalou Zenaide.
Registe-se aqui com seu e-mail

.gif)


ConversãoConversão EmoticonEmoticon