O ex-presidente Jair Bolsonaro
(PL) afirmou em áudio enviado para o pastor Silas Malafaia que sem a votação da
anistia não há possibilidade do Brasil negociar o tarifaço com os Estados
Unidos.
A conversa é uma das citadas
pela Polícia Federal (PF) no
relatório que indiciou
Bolsonaro e seu filho Eduardo Bolsonaro pela atuação deles para colocar os EUA
contra autoridades brasileiras e por coação no âmbito do processo da trama
golpista.
“Malafaia, o que eu mais tenho
feito é conversar com pessoas mais acertadas, vamos assim dizer no tocando que
se não começar votando a anistia não tem negociação sobre tarifa”, afirma
Bolsonaro no áudio enviado em 13 de julho para o pastor.
Na mensagem, o ex-presidente
ainda faz uma alusão às tentativas de governadores, entre eles Tarcísio de
Freitas, de São Paulo, de tentar negociar com a Embaixada dos EUA.
“Não adianta um ou outro
governador querer ir pros Estados Unidos, ir pra embaixada, para não sei onde
quer que ele vá, tentar sensibilizar. Não vai só seguir. Da minha parte, é por
aí pô”, diz Bolsonaro.
“Eu tenho meus contatos, não falo
com ninguém e tô fazendo aquilo que entendo, você tem razão, é a anistia.
Resolveu a anistia, resolveu tudo. Não resolveu? Já era. Ele não perde nenhum.
Tenha certeza disso”, completou Bolsonaro no áudio.
Segundo Malafaia, seria
necessário “pressionar o STF dizendo que se houver uma anistia ampla e total, a
tarifa vai ser suspensa. Ainda pode usar o seguinte argumento: Não queremos ver
sanções contra ministros do STF e suas famílias. Eles se cagão [sic] disso! A
questão da tarifa é justiça e liberdade, não econômica. Traz o discurso para
isso!”, afirmou.
Pouco depois dessa mensagem,
Malafaia envia um áudio em que “novamente orienta Bolsonaro em como direcionas
a narrativa para os interesses dos investigados”, diz o relatório.
“O pastor ressalta que deve ser
propagado pelo ex-presidente que a única saída para reverter as sanções
impostas pelos Estados Unidos seria uma anistia aos acusados pela tentativa de
Golpe de Estado”, afirma a PF
Ainda segundo a PF, Malafaia
admite que conversou com “quem está lá e com quem fala com o assessor de Donald
Trump todo dia” e cobra, diz a investigação, uma declaração pública do
ex-Presidente e sugere que as ações coercitivas contra autoridades públicas
deveriam ser veladas, tendo sempre como contrapartida a concessão de anistia.
““(…) Você não vai xingar o STF.
Você não vai esculhambar o Alexandre de Moraes. Mas você pode colocar, sim, e
deve ‘Olha, minha gente, a questão da tarifa de Donald Trump não tem a ver com
a economia. Tem a ver com liberdade e justiça. Eu não quero ver retaliações
sobre Ministros do STF e suas famílias. Eu não quero ver isso. É só resolver a
questão da anistia que isso acaba’”, disse.
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