A política potiguar vive um
fenômeno curioso em Parnamirim: a prefeita Nilda Cruz, primeira mulher a
comandar a cidade, se tornou alvo de uma perseguição que parece não ter
limites. A intensidade dos ataques ultrapassa a crítica legítima e se assemelha
a uma campanha orquestrada para tentar desgastar a imagem da gestora. No
entanto, não estão conseguindo, mas tudo indica que vão continuar.
O que explica isso? A resposta
não está apenas na gestão, mas no que Nilda simboliza. Mulher, negra, de origem
humilde e sem manchas na Justiça, ela representa um contraste profundo com o
histórico político local. Sua chegada ao poder incomoda setores que se
acostumaram a ver a política como um espaço restrito a poucos grupos — quase
sempre masculinos, brancos e de sobrenome tradicional.
Além do simbolismo, há o fator
econômico. Parnamirim está às portas de se consolidar como a segunda maior
economia do Rio Grande do Norte, superando até municípios mais antigos na
hierarquia política estadual. Esse crescimento dá visibilidade e peso à cadeira
de prefeito, transformando a cidade em palco de disputas mais duras. Estar à
frente desse processo é, por si só, motivo para atrair fogo cerrado.
Os ataques não se restringem a
críticas de gestão. Pequenos sites locais passaram a difundir boatos, acusações
sem provas e até a envolver familiares da prefeita em insinuações. A mais
recente ofensiva — a suposta articulação de um grupo para tentar cassar o
mandato de Nilda — escancara a ausência de limites: fala-se em cassação sem
sequer apresentar um motivo concreto.
Esse contexto revela muito sobre
o tipo de política que ainda resiste no Brasil: quando o jogo democrático não
favorece, tenta-se vencer no tapetão, no desgaste e na difamação. Mas Nilda foi
eleita pela maioria da população, e é esse respaldo popular que dá a ela
legitimidade para resistir.
O preço, de fato, será alto. A
prefeita terá de enfrentar ataques sistemáticos, muitas vezes desleais, que
miram mais sua condição de mulher e sua origem do que sua administração. Mas,
ao mesmo tempo, essa resistência pode consolidar em Parnamirim um novo ciclo: o
da política feita de forma mais plural, diversa e limpa.
No fundo, a perseguição contra
Nilda não diz respeito apenas a ela. Diz respeito a um incômodo maior: o de ver
que o poder está mudando de rosto no Rio Grande do Norte.
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