O pastor Silas Malafaia, dono da igreja evangélica Advec (Assembleia de
Deus Vitória em Cristo), teve um mandado de busca e apreensão expedido pelo STF
(Supremo Tribunal Federal) nesta quarta-feira (20). A medida cautelar foi
expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, no âmbito do inquérito que
investiga a tentativa de obstrução do julgamento do ex-presidente Jair
Bolsonaro, de quem Malafaia é um dos aliados mais próximos, pela tentativa de
golpe de Estado em 2022.
Malafaia foi abordado por agentes
federais no aeroporto do Galeão ao pousar depois de uma viagem a Portugal.
A coluna apurou que os
investigadores da PF (Polícia Federal) encontraram mensagens no telefone de
Bolsonaro ligando Malafaia à tentativa de obstrução da Justiça. Dois aparelhos
de Bolsonaro foram apreendidos em agosto. Um no dia em que ele colocou a tornozeleira
eletrônica e outro no dia em que foi determinada sua prisão domiciliar, em
Brasília, em 4 de agosto.
Malafaia foi abordado por agentes
da PF quando desembarcou no Brasil. O pastor realizou uma série de eventos em
Portugal ao longo dos últimos dias, no templo da Advec em Lisboa.
Além da busca pessoal, Moraes
determinou a proibição de que Malafaia saia do país e se comunique com outros
investigados. O ministro determinou ainda a apreensão de passaportes do pastor.
Malafaia financiou
manifestações
O pastor Silas Malafaia vem sendo
um dos financiadores e o principal organizador de manifestações de caráter
golpista nos últimos anos. Em 2023, ele chegou a custear, com recursos
próprios, o ato bolsonarista realizado na Avenida Paulista, em 25 de fevereiro.
Na ocasião, o pastor se envolveu
em uma polêmica ao anunciar, dez dias antes do ato, que a estrutura seria
financiada pela Avec (Associação Vitória em Cristo), braço beneficente de sua
igreja.
A repercussão fez com que ele
temesse que a entidade se tornasse alvo de uma investigação. No dia seguinte,
Malafaia mudou de discurso e passou a sustentar que custearia o protesto –no
qual a campanha pela anistia de Bolsonaro foi lançada– com recursos próprios.
O ato reuniu 185 mil pessoas em
seu auge na Paulista, segundo pesquisadores da USP. Empoderado pelo sucesso da
manifestação, o pastor usou as redes sociais para desafiar as autoridades a
investigarem sua vida financeira.
“Vem, pode vir PF, Receita
Federal. Vocês sabem a renda que eu tenho. Eu não preciso tirar dinheiro de
igreja para pagar nada”, debochou.
Império Malafaia
Em maio deste ano, o ICL Notícias
revelou detalhes inéditos sobre o patrimônio e as movimentações financeiras da
família Malafaia em Império Malafaia, primeira temporada de No Alvo, o podcast
investigativo do ICL.
A investigação, que contou com
mais de 30 mil páginas de documentos a respeito de Malafaia, suas entidades
religiosas e empresas, revelou que o pastor declarou às autoridades ter uma
renda anual de mais de R$ 1 milhão em ao menos três anos –entre 2013 e 2018.
Apesar da renda milionária, o
patrimônio formal em nome do pastor não aumentou no período. À Receita Federal,
Malafaia declarou bens no valor de aproximadamente R$ 4 milhões, sem nenhuma
evolução patrimonial.
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