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* Zenaide na luta: senadoras salvam 30% de candidaturas femininas no novo Código Eleitoral.

Vencendo uma votação polêmica e arrastada na Comissão e Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nesta quarta-feira (20), a senadora Zenaide Maia (PSD-RN) e outras colegas conseguiram salvar, no novo Código Eleitoral aprovado no colegiado, o percentual mínimo de 30% de candidaturas femininas na formação das chapas dos partidos políticos.

Marco da conquista de representatividade das mulheres nos cargos eletivos municipais, estaduais e federais, a regra hoje vigente havia sido inicialmente retirada do texto do relator, Marcelo Castro (MDB-PI). A atuação de Zenaide durante a votação foi destaque no Jornal Nacional, da TV Globo.

A CCJ acatou um destaque (voto em separado de emendas) da Bancada Feminina para manter a obrigatoriedade de 30% de candidaturas a mulheres, excluindo a punição ao partido quando não houver condições de substituir uma candidata desistente.

“Nós, mulheres, somos mais da metade da população brasileira, mais de 50% do eleitorado nacional. Compomos 16 das 81 cadeiras do Senado Federal e lutamos de forma suprapartidária. Não abrimos mão do mínimo de 30% de candidaturas femininas obrigatórias nos partidos políticos. Já conseguimos também manter no novo Código Eleitoral a atual destinação de 30% de recursos públicos de financiamento eleitoral para custear em condições de igualdade a campanha eleitoral dessas candidatas. E prosseguimos mobilizadas, na luta e na esperança contra a pressão machista que tenta sempre obrigar a nós, mulheres, a ceder o pouco que já conquistamos nas regras das eleições brasileiras”, afirmou Zenaide, que é Procuradora Especial da Mulher no Senado.

Eleições de 2026

Agora, o projeto de lei complementar (PLP) 112/2021 segue para análise em regime de urgência no Plenário do Senado. Como o projeto veio da Câmara dos Deputados e foi modificado pelos senadores, volta à Casa de origem se aprovado. Para ser aplicada nas eleições de 2026, a proposta tem que ser aprovada pelo Parlamento e sancionada pela Presidência da República até outubro deste ano, ou seja, um ano antes do pleito.

o longo da tramitação do controverso novo Código Eleitoral, as senadoras agiram em conjunto apresentando emendas à proposta, adiando a votação por meio de audiências públicas e defendendo, em reuniões junto ao relator da matéria, a retirada dos retrocessos apontados.

Negociado minuto a minuto e finalizado após diversas versões e modificações, o texto aprovado tem a vantagem de criar uma reserva de 20% das cadeiras nas casas legislativas municipais, estaduais e federal para mulheres, mas sem a perda (como previa incialmente o relator) dos atuais 30% de candidatas nas chapas.

Na CCJ, Zenaide reforçou a posição de que a perda de 30% no mínimo de candidaturas e no financiamento prejudicaria a equidade de gênero na política.

“Fiquei combativa e vigilante na primeira fileira. É meu dever defender as mulheres. Hoje alcançamos 19% de representatividade no Senado sem termos lei de reserva de vagas. O relator propunha deixar as mulheres com 20% das cadeiras por mais 20 anos, e os homens continuariam com 80% das vagas por mais duas décadas. Isso é um absurdo”, protestou a senadora.

O próprio relator admitiu a dificuldade de aprovar sua proposição de criação dessa reserva de vagas.

“Que ninguém que vota a favor de Código Eleitoral tirando conquista das mulheres venha dizer que defende mulher ou que combate a violência contra a mulher, porque a gente sabe que a prevenção é o empoderamento político. E essa proposta inicial iria deixar a gente mais 20 anos em banho-maria, com 80% de representatividade masculina e 20% de feminina e sem a garantia de que o Congresso aprovaria de fato uma reserva de cadeiras”, criticou a parlamentar norte-rio-grandense.

Ação da bancada feminina 

A bancada feminina lutou pela manutenção da obrigatoriedade de 30% de candidatas nas chapas. O relator retirava a punição para partidos que não conseguissem cumprir esse percentual de candidaturas. A suspensão da punição era um contraponto à proposta de reserva de 20% das cadeiras nas casas legislativas para as mulheres.

Assim, com a aprovação do destaque da bancada feminina por 18 votos favoráveis e cinco contrários, a partir de emenda apresentada pela senadora Professora Dorinha Seabra (União-TO), mantém-se a reserva de 20% das cadeiras para as mulheres nas casas legislativas, ao mesmo tempo em que se preserva a exigência de 30% de candidaturas femininas.

A principal inovação da emenda é a inclusão de uma exceção para os casos de desistência de candidaturas femininas após o prazo legal para substituição. Atualmente, quando uma candidata desiste após este prazo, o partido é obrigado a cancelar candidaturas masculinas para manter a proporção mínima de 30%, o que tem gerado distorções e críticas de dirigentes partidários.

“Eu tento conciliar, porque muitos partidos alegam que algumas mulheres desistem depois do período em que não podem mais ser substituídas, e aí prejudicam o partido: tem que tirar homens. Então, a minha emenda resolve esse problema”, afirmou Dorinha.

O novo Código Eleitoral

O novo Código Eleitoral unifica a legislação eleitoral em mais de 900 artigos e versa sobre temas como sistema de votação, financiamento público e privado de campanhas, quarentena para “agentes da lei” que se candidatam, fake News, propaganda política, entre outros.

A proposta tem 23 livros, que regulamentam, ainda, crimes eleitorais; cassação de registro, diploma ou mandato; pesquisas eleitorais; prestação de contas dos candidatos; e observação eleitoral. O projeto consolida, em uma única lei, a legislação eleitoral e partidária hoje dispersa em normas distintas. Os textos a serem substituídos são:




Essa luta mesmo pelos direitos da mulheres.
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