O apelido não deixava dúvidas:
Duquinha Garanhão, ou simplesmente “Duquinha, o gostoso do Abade”, foi embora
deixando saudades, muitas histórias e uma disputa que rapidamente viralizou nas
redes sociais, foi gravado em Curuçá, nordeste do Pará.
Na tarde desta terça-feira (22),
o cortejo fúnebre de Francisco das Chagas Rocha, 52 anos, conhecido como
Duquinha, tomou as ruas do município com a energia característica dos velórios
paraenses: música alta, fogos estourando, cerveja gelada circulando e muita
gente chorando, rindo e relembrando ao mesmo tempo.
Mas o que mais chamou atenção – e
gerou vídeos que rodaram o Brasil inteiro – foi a cena das mulheres.
Ex-namoradas, amantes, amigas íntimas e admiradoras declaradas se revezaram e,
em alguns momentos, literalmente disputaram o direito de segurar uma das alças
do caixão. “Eu quero carregar meu homem!”, gritava uma. “Deixa comigo, ele era
meu também!”, respondia outra, entre lágrimas e risadas nervosas. A cena,
filmada por vários celulares, misturava luto, ciúme, orgulho e um certo humor
paraense.
“Duquinha era o terror da
mulherada, mas era um terror gostoso”, resumiu um amigo de infância, que
preferiu não se identificar. “Ele não escondia de ninguém, e as mulheres também
não. Todo mundo sabia e, de certa forma, todo mundo aceitava.”
Em Curuçá, esse tipo de despedida
festiva já é tradição antiga. O luto silencioso e contido praticamente não
existe nos cortejos locais. Lá, celebrar a vida de quem morreu é tão importante
quanto chorar sua partida – e Duquinha, pelo jeito, deixou uma vida para ser
muito celebrada.
O caixão seguiu balançando pelas
ruas estreitas do bairro do Abade, embalado por pagode, forró e gritos de “Vai
em paz, meu garanhão!”. E, sim, várias das mulheres que apareceram nos vídeos
realmente conseguiram carregar o caixão em algum trecho do percurso.
Duquinha deixa filhos, netos, uma quantidade indeterminada de relacionamentos e uma legião de pessoas que, apesar de tudo, o lembram com carinho e um sorriso no rosto. No Pará, como dizem por lá: “Tem gente que morre, mas não acaba”. Duquinha parece estar comprovando isso até depois do último adeus.
Registe-se aqui com seu e-mail




ConversãoConversão EmoticonEmoticon