No último dia 9, um sábado, enquanto as atenções do mundo católico voltavam-se para a viagem do papa Francisco à Colômbia, o Vaticano divulgou um importante texto com força de alterar o Código de Direito Canônico. Chamado de motu proprio,
quando é criado por iniciativa exclusiva do papa, o documento deu às
conferências episcopais (a CNBB no Brasil, por exemplo) a incumbência de
adaptar os livros litúrgicos, aqueles usados nas missas,
nos casamentos e nos batizados, por exemplo. Até então, as conferências
basicamente os traduziam. Na prática, as cerimônias católicas poderão
adotar uma linguagem mais próxima à realidade do fiel, como a adoção de
expressões locais – sem, obviamente, ferir o rito romano. Os textos
editados têm ainda de ser enviados para a Santa Sé, mas não serão mais
revisados – e, sim, confirmados. A medida é, sem dúvida, modelo de
descentralização do poder romano. O motu proprio de Francisco,
porém, provoca outro impacto tão ou mais significativo sob ponto
histórico: o desestímulo das missas em latim, conhecidas como
tridentinas. O rito vinha ganhando fôlego na Santa Sé nos últimos anos.
O motu proprio de Francisco também surge para
aplacar as chamadas “guerras litúrgicas”, que ganhou força sobretudo no
prelado americano. O termo refere-se a uma série de batalhas internas
sobre como o culto católico deveria parecer e soar em inglês. De um
lado, os progressistas em favor de textos que refletissem as
sensibilidades modernas. De outro, os conservadores que defendiam que a
reformulação pós-Vaticano II da liturgia havia cedido demais à
modernidade secular e não era mais fiel aos textos originais em latim.

Papa Francisco.
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