A professora Duda Salabert, 36, se apresenta como a primeira mulher
trans a se candidatar ao cargo de senadora no Brasil. Filiada ao PSOL
de Minas Gerais, ela tem como bandeira, mais do que a luta pela
igualdade de gênero, a educação. “Antes de militar como mulher trans, eu
milito pela educação há mais de vinte anos“, afirma Salabert. Uma das
propostas é o perdão da dívida do FIES (Fundo de Financiamento
Estudantil).
Salabert é presidente da Transvest, uma ONG que oferece cursos
pré-vestibular e de idiomas gratuitos para travestis e transexuais. De
acordo com ela, os cursos da organização recebem mais de 100 pessoas por
ano. No futuro, a ONG pretende abrir um curso preparatório para
profissionais do sexo, ambulantes e camelôs da região central de Belo
Horizonte.
Apesar de disputar a primeira eleição, a professora disse que recebeu
convites para se candidatar a outros cargos no PSOL, mas preferiu o
Senado como forma de “provocação”. “Eu aceitei pelo caráter simbólico.
Senado, na sua etimologia significa 'senhores'. Se é um espaço feito
para senhores, uma mulher travesti, disputando esse espaço, é
extremamente provocativo”.
Além de Salabert, Minas Gerais terá outras três candidatas trans
nestas eleições, duas do PSOL e uma do PCB, partidos que estão na mesma
coligação no Estado. Em março deste ano, o Supremo Tribunal Federal
(STF) autorizou o uso do nome social pelas candidaturas de pessoas
trans.
“Estamos em um país que as pessoas transexuais não são
consideradas humanas. É uma desvantagem. Até nos movimentos sociais
reproduzem a transfobia”, afirmou a candidata. "Mas faço do veneno, o
remédio”.
A professora afirmou que tem sido alvo de ataques nas redes
sociais. “Se a violência ficar só no moral eu suporto, mas eu tenho
muito receio de isso passar para o físico”.
Em 2017, a Associação Nacional de Travestis (ANTRA) contabilizou
179 assassinatos de pessoas transexuais, o que daria um assassinato a
cada 48 horas. Além disso, a expectativa de um travesti no Brasil é de
35 anos, segundo a organização.
Dilma. Na corrida as duas vagas para o Senado em Minas, Duda
Salabert enfrentará a presidente cassada Dilma Rousseff (PT). Apesar de
criticar o governo da petista, a professora afirma que a candidatura de
Dilma também pode alavancar a dela. “A Dilma é o principal nome ao
Senado. Não só por ser uma candidatura de mulher, mas porque ela trazer
para o Senado, votos à esquerda. Possivelmente, duas pessoas da esquerda
vão ser eleitas esse ano”.
Trans na pauta.
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