Primeiro grande anúncio do governo Bolsonaro, a assinatura do decreto
que facilita a obtenção da posse de armas evidenciou a desorganização
desta fase inicial do mandato. A previsão era de que a assinatura
ocorresse em cerimônia fechada, com a presença apenas de fotógrafos e
cinegrafistas, seguida de uma entrevista coletiva. Os planos, no
entanto, mudaram: a assinatura foi feita diante dos jornalistas, mas sem
coletiva.
Com uma hora de atraso, Bolsonaro apareceu no salão leste do
Palácio do Planalto. O vice Hamilton Mourão e quatro ministros (Augusto
Heleno, Sergio Moro, Onyx Lorenzoni e Fernando Azevedo) se postaram a
seu lado, em pé, durante a solenidade. Havia dois púlpitos preparados.
Apesar disso, só o presidente falou.
Sem dar “bom dia” ou fazer qualquer saudação, como recomenda o
protocolo, Bolsonaro puxou o microfone para lançar uma frase de efeito
que havia ensaiado. O microfone não funcionou. Um servidor esbaforido se
dirigiu ao técnico de áudio: “Nelson, o microfone do presidente!”,
repetia. Nelson garantiu que havia feito sua parte. Bolsonaro tentou
falar assim mesmo, sem som, mas os cinegrafistas reclamaram.
Foram 22 segundos de espera. Só então o presidente conseguiu soltar a
frase ensaiada: “Como o povo soberanamente decidiu por ocasião do
referendo de 2005, para lhes garantir esse legítimo direito a defesa,
eu, como presidente, vou usar esta arma”. E exibiu uma caneta
esferográfica comum, do mesmo tipo da que usou para assinar o termo de
posse.
É preciso muita fé em Deus.
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