O Ministério Público do Rio anunciou por nota nesta terça-feira (8)
que poderá quebrar os sigilos de Fabrício Queiroz, ex-assessor do
deputado estadual Flavio Bolsonaro, e de seus familiares. O anúncio foi
feito depois que a mulher do ex-auxiliar do deputado, Márcia Oliveira
Aguiar, e duas filhas dele, Nathalia e Evelyn de Melo Queiroz, também
ex-integrantes do gabinete do parlamentar, faltaram a depoimento marcado
na sede do MP para esta tarde.
Em 6 de dezembro, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que um
relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf)
apontou que Queiroz movimentou, de janeiro de 2016 a janeiro de 2017, R$
1,2 milhão em uma conta, o que o órgão considerou incompatível com a
renda do funcionário. O documento foi encaminhado ao MPRJ no início do
mês passado.
“O MPRJ tem informações que permitem o prosseguimento das
investigações, com a realização de outras diligências de natureza
sigilosa, inclusive a quebra dos sigilos bancário e fiscal”, afirmou o
MP no texto. A Procuradoria de Justiça do Rio, porém, não informou quais
providências tomará para obter os depoimentos dos familiares de
Queiroz. Da mesma conta de Queiroz que está sob investigação saíram R$
24 mil depositados em uma conta da primeira-dama, Michele Bolsonaro. O
presidente Jair Bolsonaro disse que se tratava do pagamento de uma
dívida do ex-assessor com ele.
A defesa de Nathalia, Evelyn e Márcia afirmou que suas clientes não
compareceram para prestar depoimento porque o Queiroz passou por uma
cirurgia no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, para a retirada de
um câncer. Por disso, “todas se mudaram temporariamente para a cidade de
São Paulo, onde devem permanecer por tempo indeterminado e até o final
do tratamento médico e quimioterápico necessários, uma vez que, como é
cediço, seu estado de saúde demandará total apoio familiar”, segundo a
justificativa da defesa ao MP.
O Ministério Público do Rio também afirmou na nota que o depoimento
dos investigados “representa uma oportunidade para que possam apresentar
suas versões dos fatos”. “O não comparecimento voluntário e deliberado
reflete, neste momento, uma opção dos envolvidos, sendo certo que o
direito constitucional à ampla defesa também poderá ser exercido em
juízo, caso necessário”.
O órgão também informou que “seguirá apurando os fatos de forma
reservada e sigilosa, manifestando-se apenas por meio de notas
oficiais”.
O MP já “sugeriu” o comparecimento de Flávio Bolsonaro – filho mais
velho do presidente Jair Bolsonaro, eleito senador em outubro de 2018 –
ao órgão, nesta quinta-feira (10). Por prerrogativa parlamentar, porém,
ele pode indicar nova data para seu depoimento. Questionado, o órgão não
informou se Flávio confirmou presença. A assessoria do senador eleito
pelo Rio também não quis confirmar se ele irá ou não.
O cerco vai se fechar.
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