O presidente da
Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse nesta terça-feira
(26) que um dos obstáculos para o presidente Jair Bolsonaro aprovar
pautas como a reforma da Previdência é o seu discurso antipolítica.
Segundo ele, se a votação da reforma da Previdência ocorresse hoje na
CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) o governo perderia.
“O problema é
que o presidente está refém do discurso dele de campanha”, disse Maia em
seminário do banco BTG Pactual, na capital paulista.
Para Maia é
improdutivo o discurso de contrapor “nova política” e “velha política”,
que contribui para uma erosão das relações com os congressistas.
“A questão é
construir uma aliança. A gente não pode menosprezar a política,
criminalizar a política em todos os momentos”, continuou.
Segundo Maia,
até o início de junho ou primeira quinzena de julho, os parlamentares
estarão prontos para votar a proposta, mas para isso é preciso uma boa
articulação.
“Se a gente
sabe que é um processo de construção porque pressa em instalar a
comissão se vou ter isso organizado lá para segunda quinzena de março?
Vamos dar tempo ao tempo para que as coisas se organizem e para que 15
dias não representem derrota da reforma da Previdência”, afirmou.
Segundo ele, o movimento de olhar uma coisa de longo prazo com uma ansiedade de curto prazo é coisa do mercado financeiro.
“Talvez a pressa possa derrotar a reforma, daí não tem dez anos de economia”, disse.
Segundo Maia, não é possível saber quantos votos o governo teria hoje para aprovar a reforma porque a sua base está em formação.
“Hoje eu digo
que o governo tem o PSL na sua base e não tem mais partido algum”,
afirmou. A articulação do governo precisa melhorar, disse.
Para Maia, não
adianta querer colocar o DEM nessa base sem compreender que o partido
sozinho não resolve o problema do governo -seria preciso trazer mais 10
ou 12 partidos para aprovar a Previdência.
“Ir sozinho
para a base do governo, como sugeriu o Caiado [Ronaldo Caiado,
governador de Goiás], é uma precipitação, um erro de avaliação de como
forma a base no parlamento brasileiro”, disse.
Maia disse que
atender a agenda das bancadas temáticas não significa que eles vão votar
a reforma da Previdência e alertou que a nova formação da Câmara tem
uma oposição mais forte ao governo do que a existente na gestão passada,
de Temer. “O governo precisa olhar o Parlamento com um cuidado grande.”
COMUNICAÇÃO LENTA
O presidente da
Câmara também fez críticas à comunicação do governo sobre a reforma,
que ele considera estar lenta. “A comunicação precisa ser mais ágil”,
afirmou. “Já está muito atrasado.”
“As redes
sociais são muito rápidas. A contaminação é quase que instantânea. Eu
vejo com muita preocupação esse erro […], não ter preparado as redes com
essa guerrilha”, afirmou Maia.
Para ele, o
risco é o de que Bolsonaro perca o controle da narrativa sobre a reforma
e se repita a onda de rejeição que impediu Michel Temer (MDB) de
aprovar sua reforma para o sistema de aposentadorias.
“O que vai
mobilizar a sociedade, e a sociedade mobilizar os deputados, são as
redes sociais. E, se o governo não for rápido, a gente acaba
contaminando como acabou contaminada a reforma do Michel Temer.”
Ele
acrescentou: “E nós temos a melhor estrutura de comunicação de WhatsApp,
que é a estrutura do PSL do presidente Bolsonaro. A gente não pode
perder a oportunidade de utilizá-la”.
MILITARES
Maia disse que a
proposta de reforma dos militares vai ser encaminhada depois do
Carnaval e que é importante aprovar pelo menos uma idade mínima para que
eles não se aposentem tão jovens.
Do ponto de
vista fiscal, disse ele, a proposta dos militares deve ter um efeito
nulo porque virá acompanhada de uma reorganização salarial para as
Forças Armadas.
“Também não
acho que o general de quatro estrelas por tudo que passou e se preparou
ganhar R$ 22 mil e o teto do serviço público ser R$ 39 mil (…) não me
parece uma equação correta. Mas a gente sabe que não tem como fazer essa
reorganização da noite para o dia senão quebra o Estado”.
Em relação ao
serviço público, disse ele, dois temas vão resultar muita pressão: a
idade mínima de aposentadoria para os servidores públicos que entraram
antes de 2003 e a questão das alíquotas de contribuição progressivas,
que já dizem ser inconstitucional.
“Mas é difícil alguém defender a alíquota de quem ganha lá embaixo ser igual a de quem ganha o topo”, disse.
Maia na pauta.
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