O presidente da
comissão judiciária da Câmara dos Deputados americana afirmou neste
domingo (3) que pretende solicitar documentos de Donald Jr., filho mais
velho de Donald Trump, e de mais de 60 pessoas ligadas ao republicano
para investigar supostos crimes de obstrução de justiça, corrupção e
abuso de poder.
Em entrevista à
ABC News, o deputado Jerry Nadler, de Nova York, afirmou que as
solicitações devem ser feitas nesta segunda (4) e vão incluir, além de
Donald Jr., o diretor financeiro da Organização Trump, Allen
Weisselberg, e o Departamento de Justiça.
Questionado se
acreditava que o presidente tinha obstruído a justiça, ele respondeu que
sim. “Está muito claro que o presidente obstruiu a justiça.”
Apesar da
avaliação, Nadler avalia que um impeachment de Trump ainda não está tão
claro. “Nós não temos os fatos ainda, mas nós vamos iniciar as
investigações apropriadas.”
O anúncio foi
feito dias após Michael Cohen, ex-advogado do presidente, depor perante a
comissão de supervisão e reforma da Câmara e acusar o republicano de
fazer pagamentos a mulheres para silenciá-las sobre um suposto caso em
2006, o que poderia violar regras de financiamento de campanha.
Ele disse ainda
que Trump mentiu sobre outros assuntos, como o envolvimento de um
ex-conselheiro no vazamento de emails democratas na campanha eleitoral.
A comissão
presidida por Nadler é a única que pode recomendar o impeachment do
presidente, algo que os democratas têm tratado com cautela.
A investigação
do órgão poderia complementar a que o procurador especial, Robert
Mueller, realiza sobre a interferência da Rússia nas eleições de 2016.
A expectativa é que autoridades do Departamento de Justiça recebam o relatório final de Mueller ainda em março.
“A investigação
vai muito além de conspiração. Nós vimos todas as normas democráticas
das quais dependemos para um governo democrático serem atacadas por esta
administração”, afirmou Nadler.
Ele citou como
exemplos os ataques de Trump à imprensa, a agências de inteligência e a
leis de supervisão federal. “Tudo isso é muito corrosivo à liberdade e
ao funcionamento correto do governo e do nosso sistema constitucional.
Tudo isso tem que ser verificado e os fatos explicados à população
americana.”
Segundo Nadler, antes de provocar o impeachment de alguém, é preciso convencer os americanos de que isso precisa ocorrer.
“Você tem que
persuadir eleitores suficientes do partido opositor, os eleitores de
Trump, que você não está apenas tentando reverter o resultado da última
eleição”, afirmou. “Podemos ou não chegar nisso. Mas o que temos que
proteger é a norma da lei.”
Em uma rede social, o presidente americano reagiu e criticou o que chamou de “mais de dois anos de assédio presidencial.”
“Eu sou um
homem inocente sendo perseguido por pessoas muito ruins, perturbadas e
corruptas em uma caça às bruxas que é ilegal e que nunca deveriam ter
permitido que começasse”, escreveu. “E só porque eu venci a eleição! E
apesar disso, grande sucesso!”
Outros
republicanos também reagiram à investigação. O líder da minoria do
partido na Câmara, Kevin McCarthy, afirmou que a decisão era um esforço
para criar uma nuvem sobre Trump mesmo após a divulgação do relatório de
Mueller.
“Não há
conspiração, então eles querem inventar outra coisa”, afirmou McCarthy,
que acrescentou que Nadler decidiu pedir o impeachment de Trump “no dia
em que o presidente venceu a eleição.”
O deputado
Douglas Collins, da Geórgia, que faz parte da comissão judiciária,
afirmou que ele e seus assistentes não receberam notificação prévia dos
documentos solicitados por Nadler e que souberam da notícia pela
televisão.
“Agora que
parece que estamos nos aproximando da divulgação [do relatório] de
Mueller, eles estão recuando da ‘conspiração’ e tentando encontrar outra
coisa para se agarrar”, afirmou ao Washington Post.
“Eu acho que a história aqui é que os democratas só estão tentando encontrar alguma coisa para fazer o presidente parecer mal.”
TRUMP na pauta.
FOLHAPRESS
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