Em uma tentativa de evitar novas crises nas redes sociais, o governo
do presidente Jair Bolsonaro escalou um militar para coordenar a
estrutura de mídias digitais e reforçar a comunicação oficial do Palácio
do Planalto.
Ex-chefe da assessoria de imprensa do Exército, o coronel Didio
Pereira de Campos comandará uma nova estrutura chamada Comunicação
Global, que ficará responsável pelo monitoramento das redes sociais,
publicidade oficial e criação de conteúdo.
Com a sua chegada, a gestão das mídias digitais, que estava
subordinada à secretaria de imprensa, passa a ser controlada pela nova
estrutura, assim como a área de publicidade, que estava sem um gestor
específico desde o início do governo.
A indicação foi feita pela equipe do ministro da Secretaria de
Governo, general Carlos Santos Cruz, e ocorreu após um diagnóstico da
equipe do presidente, sobretudo do núcleo militar, de que a comunicação
oficial precisava ser melhorada diante das últimas polêmicas.
Eles avaliam, contudo, que o temperamento do presidente é
“irrefreável”, como definiu um auxiliar palaciano, e que, apesar dele já
ter sido recomendado a diminuir o tom nas redes sociais, dificilmente
mudará a postura, sobretudo ao ter o filho Carlos Bolsonaro (PSC-RJ)
como uma espécie de consultor em redes sociais.
O coronel é descrito como um militar de perfil moderado e técnico.
Apesar de sua entrada na equipe de comunicação, a estrutura geral
continuará a ser chefiada por Floriano Amorim, indicado pelo posto por
Carlos, que blindou as contas oficiais do pai.
Além do reforço na comunicação social, o Palácio do Planalto busca um
profissional experiente que oriente Bolsonaro nas declarações públicas.
A equipe do presidente já começou a procurar uma pessoa que se encaixe
nesse perfil de conselheiro, mas tem encontrado dificuldades diante da
limitação salarial dos cargos disponíveis pelo governo.
O entorno de Bolsonaro é entusiasta do nome do jornalista Alexandre
Garcia, que deixou a Rede Globo no final do ano passado e ocupou o cargo
de porta-voz na gestão de João Figueiredo (1979-1985), durante a
ditadura militar. Ele, contudo, já sinalizou que não pretende fazer
parte do governo.
É um risco ao seu próprio governo.
Folha de São Paulo
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