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* Os riscos dos tuítes do presidente.

Foi muito negativa a reação ao tuíte com o qual Jair Bolsonaro compartilhou o conteúdo de um vídeo obsceno e escatológico. A repercussão desfavorável ocorreu nas redes sociais e em análises de colunistas de política. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, desde a posse, ele usou essa via dez vezes mais para tratar de ideologia do que de reforma da Previdência.

Bolsonaro tem usado as redes sociais como via preferencial para transmitir mensagens à população. Reproduz, desse modo, a estratégia do presidente americano Donald Trump. Em ambos os casos, é enorme o potencial de erros de comunicação, mas seus efeitos tendem a ser mais prejudiciais aqui do que nos Estados Unidos.
 
Lá, manifestações presidenciais têm pouca ou nenhuma consequência no front doméstico, pois a economia é madura e as instituições são mais sólidas do que as brasileiras. O presidente não interfere na gestão macroeconômica. A política fiscal é definida pelo Congresso, via aprovação do Orçamento, enquanto a política monetária é conduzida de forma autônoma pelo Federal Reserve, o banco central.

O estrago dos tuítes de Trump tem mais a ver com a imagem do presidente e com o abandono do profissionalismo na gestão da política externa, pois ele tem desprezado a diplomacia nessa forma de comunicação. Os riscos estão nas relações internacionais.

No exercício de sua função, autoridades de alto nível não devem fazer declarações públicas ou participar de entrevistas à imprensa sem submeter-se a filtros dos órgãos de assessoramento direto e dos ministérios. Trata-se de ação prudente, pois tais autoridades não dominam todos os assuntos sobre os quais se pronunciam. Mais do que qualquer outro membro do governo, o presidente precisa passar por briefings antes de emitir opiniões, já que suas falas costumam ter repercussões.
Ele é a maior ameaça do seu próprio governo.
 Por Maílson da Nóbrega
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