A secretária de administração da Paraíba, Livânia Farias, foi presa neste sábado, 16, no âmbito da Operação Calvário, que mira suposto esquemas de fraudes que envolve R$ 1,1 bilhão
em contratos da Saúde. Ela havia sido alvo de busca e apreensão nesta
quinta-feira, 14. Também foi decretada a prisão do dirigente da Cruz
Vermelha, sede do Rio Grande do Sul, Daniel Gomes.
De acordo com o desembargador Ricardo Vital de Almeida, do Tribunal
de Justiça da Paraíba, que autorizou a prisão de Livânia e Daniel, caso
soltos, eles podem obstruir as investigações. O magistrado também mandou
bloquear um imóvel e uma BMW, bens atribuídos a Livânia.
“A necessidade da segregação por conveniência da instrução criminal, a
mais visível entre as razões da prisão preventiva do ponto de vista da
instrumentalidade, decorre, na espécie, da necessidade de assegurar a
realidade da prova processual em relação aos requeridos Livânia Maria e
Daniel Gomes, que podem, acaso permaneçam em liberdade, influenciar na
produção de elementos, obstaculizando-os ou impedindo-os, fazendo
desaparecer indicadores dos crimes que a eles são imputados, apagando
vestígios, subornando, ameaçando testemunhas, entre outros fatos”,
escreveu.
Delação
Um ex-assessor do governo da Paraíba afirmou,
em depoimento, ter recebido R$ 900 mil em propinas da Cruz Vermelha em
nome da secretária de Administração, Livânia Farias. Segundo o
ex-funcionário, homem de confiança da chefe da pasta, ela ainda teria
comprado uma casa de R$ 400 mil no interior do Estado com o dinheiro.
Leandro Nunes Azevedo ficou preso em todo o mês de fevereiro na
Operação Calvário II, deflagrada pelo Ministério Público Estadual contra
fraudes em repasses de R$ 1,1 bilhão para contratos da Saúde da
Paraíba. Os termos foram firmados com a Cruz Vermelha Brasileira, filial
do Rio Grande do Sul e o Instituto de Psicilogia Clínica, Educacional e
Profissional.
De acordo com as investigações a Cruz Vermelha, que administra o
hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa,
teria firmado contratos superfaturados para viabilizar desvios de
verbas recebidas pelo Estado.
Em depoimento, Nunesafirma ter feito viagem ao Rio de Janeiro para
buscar propinas em nome de Livânia. ““Ao chegar no quarto e abrir a
caixa, vi que tinha mais dinheiro do que havia combinado, quase R$ 900
mil reais quando Livânia tinha dito que haveria R$ 700 mil”.
O ex-assessor afirmou ainda que, com dinheiro da propina da Cruz
Vermelha, Livânia comprou uma casa em Sousa, no sertão da Paraíba. “O
imóvel foi pago com o dinheiro que eles manipulavam da propina oriunda
da Cruz Vennelha, que estava na minha casa, mas quem recebia era
Livânia, e ela mandava ele guardar. Sempre que ela precisava de
dinheiro, pedia a ele, nunca transacionava na própria conta”.
“O pagamento da segunda parcela, realizado por Leandro, sozinho, foi
feito no Atacadão Rocha, 200 mil, numa mochila, tendo sido entregue ao
dono (WALTER), no escritório. Tinha outra pessoa na sala, mas não se
recorda quem era. Soube depois que ele ligou para Livânia dizendo que
tinha faltado dinheiro, de forma que Leandro voltou para entregar o
restante. Em ambas as vezes foi no carro de Livânia, a BMW”, afirmou.
Secretária presa em operação.
ESTADÃO CONTEÚDO
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