A queda de Marcos Cintra está
longe de estancar a crise na Receita. Nos últimos dias, quando a
permanência do agora ex-secretário da área já estava ameaçada, uma série
de denúncias com relatos detalhados de desvios de integrantes do fisco
foi encaminhada a órgãos de controle. Há queixas anônimas e outras nas
quais o autor se identifica e oferece colaboração. Ministros e
investigadores que acessaram os documentos viram neles um sinal de que
diversas alas da entidade seguem em guerra.
Membros do Supremo foram informados oficiosamente dos relatos de
desvios na Receita. Motivo: um dos fatores que agravou a crise no órgão
foi a descoberta de que integrantes do STF e seus parentes tiveram as
contas devassadas por auditores.
Antes de perder o cargo,
Cintra enviou ofício ao Tribunal de Contas da União no qual se
comprometia a entregar à corte os nomes dos auditores que acessaram, com
ou sem justificativa formal, dados de autoridades públicas nos últimos
cinco anos.
A primeira reação da Receita foi a de tentar driblar a ordem do TCU. Houve forte reação na corte e o então secretário do órgão decidiu ceder.
Nesta quinta (12), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge,
solicitou ao Ministério da Justiça abertura de inquérito policial contra
dois servidores da Receita apontados pelo próprio órgão como os
responsáveis pelo vazamento de dados sigilosos do ministro Gilmar Mendes, do Supremo.
No ofício, Dodge informa que o fisco classificou o vazamento dos
dados de Mendes como acidental após investigação administrativa interna,
mas ressalta que isso não exclui a necessidade de apuração criminal, já
que os dados do ministro e de qualquer contribuinte são protegidos por
sigilo legal.
Choque na pauta...
FOLHAPRESS
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