Apesar das palavras de incentivo do presidente da Câmara do Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), uma fusão entre DEM e PSDB não
está em pauta nos dois partidos. Interesses políticos no curto e médio
prazos têm desestimulado qualquer conversa nesse sentido entre
lideranças tucanas e democratas.
A eleição municipal aparece como entrave imediato, porque cada
partido já tem metas diferentes para 2020. O problema não é único. Mesmo
tendo como horizonte a disputa presidencial em 2022, a fusão encontra
resistência.
Duas recentes decisões do Congresso que alteraram as regras para a
próxima eleição — fim das coligações proporcionais e implantação da
cláusula de barreira para os partidos — impulsionaram especulações sobre
fusões partidárias.
No DEM a resistência a uma fusão tem se mostrado maior do que PSDB.
Um dos motivos é a participação da legenda no governo do presidente Jair
Bolsonaro. O DEM tem três ministros — Saúde, Agricultura e Casa Civil —
e muitos outros quadros alocados em escalões inferiores.
Maia e o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, também do DEM,
são os nomes que se destacam como entusiastas da fusão. Já a ala do
partido alinhada ao prefeito de Salvador, ACM Neto, presidente nacional
da legenda, resiste sob o argumento de que a sigla hoje é maior que o
PSDB e não há interesse em deixar a “união estável” com Bolsonaro para
aderir ao projeto do PSDB com o governador João Doria em 2022.
— Numa fusão, a gente teria que sair do governo ou eles embarcariam nele? – questionou um deputado do DEM ligado a Neto.
Para PSDB, incorporação
No PSDB as resistências parecem menores porque os tucanos tratam a
fusão como uma incorporação do DEM ao PSDB. Ou seja, um processo em que
os tucanos continuariam tendo protagonismo em relação ao parceiro
histórico. O grupo mais entusiasmado é o de Doria. Ele e Maia tem
mantido proximidade.
Entre os partidos pequenos, as discussões também estão emperradas.
Até a Rede, de Marina Silva, que não conseguiu atingir a cláusula de
barreira em 2018, não tem, no momento, planos concretos para se fundir. A
ideia de uma união de forças encontra resistência em setores da sigla.
Segundo um dirigente próximo a Marina, muita gente na Rede ainda tem
“apego pela obra” porque o partido é novo, tem apenas três anos.
No ano passado, a legenda elegeu apenas uma deputada federal. Para
atingir a cláusula de barreira, seriam necessários 1,5% de votos
distribuídos por nove estados ou nove deputados eleitos em nove estados.
As legendas que não obtiveram esse desempenho não estão recebendo
dinheiro do Fundo Partidário e não terão espaço na propaganda gratuita
no rádio e na TV.
No começo do ano, a Rede discutiu uma fusão com o Cidadania, na época
ainda com o nome de PPS. Em março, por unanimidade, inclusive com voto
de Marina, o partido rejeitou a união. Desde a eleição, há discussões
sobre uma junção com o PV, que ultrapassou a cláusula de barreira. As
duas siglas estiveram juntas na eleição presidencial com o verde Eduardo
Jorge no posto de vice de Marina. As negociações, porém, não avançaram.
Eduardo Jorge voltou a defender a união na semana passada, mas a ideia
não encontra eco no partido.
— Não está na nossa agenda. São especulações. Isso não é coisa muito
simples. Nas instâncias regionais e municipais há dificuldades — diz
José Luiz Penna, presidente do PV.
Junção na pauta.
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