Debater o
futuro do turismo, um dos principais potenciais econômicos do Rio Grande do
Norte, diante dos impactos causados pela pandemia do novo Coronavírus. Esse foi
o principal objetivo da audiência pública “Planejando o Turismo do RN”, que foi
promovida, de forma remota, na manhã desta segunda-feira (14), pela Assembleia
Legislativa, através do mandato do deputado Coronel Azevedo (PSC).
De acordo com o parlamentar, o intuito da audiência pública foi
debater iniciativas que contribuam para alavancar o setor que mais emprega no
Estado. “O Rio Grande do Norte se destaca dentro e fora do Brasil pelo seu potencial
turístico. Por isso, é preciso planejar ações integradas para apoiar a geração
de emprego e renda propiciada por essa atividade econômica. Nesse sentido, o
diálogo plural é essencial para que possamos levantar ideias e colocá-las em
prática o quanto antes”, argumentou o deputado.
Dando início ao debate, a representante da Setur (Secretaria de
Turismo do RN), Solange Portela, fez uma apresentação de como a instituição vem
trabalhando, em parceria com a Emprotur (Empresa Potiguar de Promoção Turística),
desde o surgimento da pandemia.
“Este ano nós tivemos que readequar nosso planejamento, devido à
Covid-19. E para que isso fosse possível a Emprotur realizou diversas
pesquisas, tanto com agentes internos, como os gestores municipais, quanto com
os agentes e operadores de fora do Estado, para conhecer melhor o cenário e
saber quais estratégias iríamos tomar”, contou.
De acordo com Solange Portela, um dos pontos mais importantes,
relatados na pesquisa por turistas e agentes de viagens, foram os cuidados com
os protocolos de segurança sanitária.
“De posse dessas informações nós elaboramos um plano de
retomada, que não foi feito de maneira isolada, mas com a ajuda da Fecomércio,
ABIH, Abrasel - Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, Sindetur - Sindicato
das Empresas de Turismo do RN. E a partir disso nós levamos o plano para ser
discutido no Conselho Estadual de Turismo, nos cinco conselhos regionais e nos
principais destinos que têm um conselho municipal regular”, explicou.
Finalizando sua fala, a representante da Setur discorreu sobre
as medidas de readequação, que vão do início do isolamento social até dezembro.
“Nós estamos focando principalmente em capacitações de destinos, ações de
marketing, linhas de crédito, campanhas de arrecadação, reuniões dos conselhos
e distribuição de máscaras, através do Programa RN + Protegido. Acredito que
todas essas estratégias nos ajudarão a alavancar novamente o turismo do nosso
Estado”, detalhou.
Em seguida, o palestrante e presidente da ADH-Brasil (Agência de
Desenvolvimento Humano Brasil), Hamilton Néri, disse que o turismo brasileiro é
amador, e isso repercute nos estados e municípios.
“O nosso turismo é amador porque cometemos um erro muito sério,
que é a falta de respeito ao turista. E isso se traduz principalmente na falta
de apoio aos comerciantes e empresários locais, que podem ser donos de hotéis
ou vendedores de picolé na praia”, disse ele, destacando que é preciso evitar
as chamadas “três frustações do turismo: do embarque, do percurso e do
destino”.
“Por exemplo, se a família está viajando de férias e já tem um
problema no nosso aeroporto, as pessoas mal chegaram e já se aborreceram. A
partir daí vem o percurso – trânsito, limpeza etc – e a recepção no hotel, que
precisa acolher bem essa família e melhorar a imagem da cidade”, detalhou.
O presidente da ADH falou ainda da importância do apoio do Poder
Público ao segmento. “O turismo gera receita, desenvolvimento local e regional.
Os gestores devem entender isso. Além de ser importante que eles mesmos tenham
conhecimento sobre o assunto, é necessário que nomeiem secretários realmente
capacitados para gerir a pasta nas suas localidades”, finalizou.
De acordo com o secretário de turismo de Natal, Joham Alves
Xavier, o setor precisa ser trabalhado em três vertentes: capacitação, promoção
do destino e infraestrutura.
“A prefeitura tem se esforçado diuturnamente para minimizar
todos os problemas de infraestrutura da nossa capital. Já fizemos as obras de
recapeamento asfáltico da orla de Ponta Negra e iniciamos a iluminação de toda
a orla natalense, iniciando por Ponta Negra, passando pela Via Costeira e indo
até a Redinha”, disse.
O secretário divulgou ainda outros projetos em andamento. “Um
deles é o novo complexo turístico da Redinha, que trará mais conforto e
mobilidade ao turista e à população local. Também teremos a revitalização da
Rua Praia de Ponta Negra, que vai do Praia Shopping até a feirinha de
artesanato. Vamos reformar o calçadão e colocar ciclovias, humanizando mais
aquele trecho. E ainda faremos uma melhoria na escadaria de Mãe Luíza, que terá
o calçadão revestido com mosaicos coloridos”, acrescentou Joham Xavier.
Ao final do seu discurso, o secretário de turismo da capital
destacou que “o mais importante para Natal nesse momento é a promoção do
destino. E nós já iniciamos as tratativas para promover nossa cidade tanto nos
estados vizinhos, quanto no Sul e Sudeste, além de tentar chamar a atenção do
turista estrangeiro”, concluiu.
Já o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis
do Rio Grande do Norte (ABIH-RN), José Odécio Jr., criticou a falta de suporte
por parte do Poder Público. “Muitos falam que o turismo é a principal atividade
econômica do Estado, mas pouco se faz por ela. É uma dinâmica que precisa muito
do apoio do Poder Público, no sentido de diminuir a carga tributária e
regulamentar melhor as questões trabalhistas”, cobrou.
Segundo José Odécio, a ABIH é uma entidade que investe no
desenvolvimento do turismo, preocupando-se principalmente com a especialização
de mão de obra. “Nós enxergamos o setor de uma maneira muito profunda,
inserindo a população local, gerando empregos e investindo na capacitação dos
funcionários. Mas é um desafio enorme ser empresário no Brasil e maior ainda no
Rio Grande do Norte, que é um Estado pobre, cuja economia depende do turismo, mas
não se vê isso nas ações dos governantes”, disse.
Na sequência, o membro do Corpo de Bombeiros e bugueiro
profissional, Major Jorge, externou sua preocupação com a ausência de
fiscalização nas praias, em termos de trânsito de veículos.
“O que nós temos visto é uma total ausência da fiscalização
nesse momento, porque legislação nós temos. Como cidadãos, nós observamos que
simplesmente não há mais fiscalização nas praias. Parece que não há lei para
ser cumprida. Hoje em dia a gente vê todo tipo de carro transitando na beira do
mar. Isso não pode acontecer. A maior preocupação é que essa imprudência pode
gerar muitos acidentes”, disse.
Para o oficial do Corpo de Bombeiros do RN, o turismo é um dos
segmentos que mais trazem recursos para o Estado, mas é preciso ter
planejamento. “Quando não se planeja, vem o erro. E o planejamento sem ação
também é um problema”, finalizou.
Também participaram do debate outros representantes do Poder
Público, sindicatos e associações ligadas ao tema, além de membros da iniciativa
privada.
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