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* Pfizer ofereceu vacina ao Governo Bolsonaro desde setembro.

 A CNN teve acesso com exclusividade a uma carta encaminhada no dia 12 de setembro de 2020 pelo CEO mundial da Pfizer, Abert Bourla, ao presidente Jair Bolsonaro e a alguns de seus principais ministros.

O conteúdo da mensagem mostra que a farmacêutica insistiu para que o governo fosse célere em fechar negócio com a empresa, tendo em vista a alta demanda mundial.

“A potencial vacina da Pfizer e da BioNTech é uma opção muito promissora para ajudar seu governo a mitigar esta pandemia. Quero fazer todos os esforços possíveis para garantir que doses de nossa futura vacina sejam reservadas para a população brasileira, porém celeridade é crucial devido à alta demanda de outros países e ao número limitado de doses em 2020”, disse Bourla.

Depois, o CEO mundial da Pfizer reforça ainda o pedido para que o governo seja rápido.

“Minha equipe no Brasil se reuniu com representantes de seus Ministérios da Saúde e da Economia, bem como com a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Apresentamos uma proposta ao Ministério da Saúde do Brasil para fornecer nossa potencial vacina que poderia proteger milhões de brasileiros, mas até o momento não recebemos uma resposta. Sabendo que o tempo é essencial, minha equipe está interessada em acelerar as discussões sobre uma possível aquisição e pronta para se reunir com Vossa Excelência ou representantes do Governo Brasileiro o mais rapidamente possível.”

O documento também foi remetido com cópia ao vice-presidente Hamilton Mourão e aos ministros Braga Netto (Casa Civil), Eduardo Pazuello (Saúde), Paulo Guedes (Economia) e ao embaixador do Brasil para os Estados Unidos, Nestor Foster.

Segundo fontes, a manifestação foi encaminhada ao Ministério da Saúde, mas as negociações nunca andaram. Primeiro, porque o governo avaliou que as condições de armazenagem e distribuição da vacina dificultariam sua distribuição pelo Brasil. Ao contrário de outras vacinas, ela precisa estar refrigerada a cerca de 70 graus negativos.

Pfizer acabou vencendo a corrida mundial pela vacina contra o coronavírus e foi a primeira vacina cuja aplicação foi aprovada pelas autoridades sanitárias com a conclusão de estudos da fase 3, o recomendado pela medicina para iniciar uma vacinação.

Isso aconteceu no dia 2 de dezembro pelo órgão regulador britânico. Como muitos países haviam fechado acordos com ela na mesma época em que ela tentava fechar com o Brasil, eles largaram na frente em suas vacinações.

A CNN procurou a Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto, que pediu que o Ministério da Saúde fosse contatado para responder.

O OUTRO LADO

O Ministério da Saúde emitiu nota, neste sábado (23), admitindo o recebimento da carta do CEO da empresa, mas criticando cláusulas “abusivas” no contrato para compra de vacinas. As negociações não foram concluídas.

Triste realidade.

CNN

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