A dona de um abrigo de idosos em Fortaleza foi presa, nesta quinta-feira (25), por suspeita de crimes cometidos contra idosos e pessoas com deficiência que moram no local. A mulher é investigada por crimes como homicídio, tortura, negligência e maus-tratos.
Benedita Oliveira de
Sousa, de 64 anos, é proprietária do Espaço de Bem Estar Socorro Oliveira, que
fica no Bairro Monte Castelo, na capital cearense. O local foi interditado a
pedido do Ministério Público do Ceará. A mulher também é investigada pelos
crimes de apropriação e desvio de bens, violência mental, injúria, violência
medicamentosa e falsidade ideológica. O g1 não
localizou a defesa da empresária.
Vídeos entregues à polícia por duas
ex-funcionárias mostram maus-tratos supostamente cometidos pela proprietária.
Em um dos vídeos, ela solta uma cadeira de balanço de forma brusca enquanto uma
mulher estava sentada. Em outra imagem, um idoso mostra marcas de supostos
espancamentos e pede ajuda por estar "morrendo de dor".
Pelo menos 10 pessoas estavam
institucionalizadas no local, sendo sete idosos e três com deficiência
intelectual, conforme o MPCE.
Trabalhadoras do
local denunciaram
De acordo com o titular da 1ª
Promotoria de Justiça e Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiência, Alexandre
Alcântara, a prisão ocorreu a partir do relato de duas pessoas que trabalharam
no abrigo: uma cuidadora e uma assistente social. Elas entregaram os vídeos à
Polícia Civil.
Após os depoimentos serem colhidos, a
mulher foi presa preventivamente. No local, também foi cumprido um mandado de
busca e apreensão expedido pela justiça estadual.
"Foi um relato muito impactante,
inclusive causou impacto nos próprios policiais e na delegada que disseram que
nunca tinham visto um caso tão grave porque temos situações extremamente graves
de maus-tratos que resultaram em, pelo menos, duas mortes", explica o
promotor de justiça.
Segundo Alexandre Alcântara, as duas
idosas atendiam pelos nomes de Rosa e Terezinha.
"São relatos muito fortes dessas
duas idosas que vieram a óbito em decorrência de maus-tratos, relatos de um
idoso que precisou ter a perna amputada por maus-tratos", narra o
promotor.
Após a interdição, segundo ele, os
idosos foram transferidos para outros abrigos, e as pessoas com deficiência
intelectual, para espaços que também apresentem segurança.
Por atuar na área cível, o promotor
argumenta que os crimes pelos quais a mulher é suspeita devem ser apurados pela
promotoria criminal.
"O que interessa à nossa
promotoria é que essa senhora não tem condições de gerir uma instituição, um
abrigo de idosos. Vamos representar pela interdição definitiva do abrigo e
também a impossibilidade de essa senhora continuar trabalhando com essa gestão
de abrigos porque demonstrou não ter a menor condição", disse.
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