O Centro de Controle de Zoonoses de Mossoró (CCZ) emitiu um comunicado de risco epidemiológico, depois que um caso de raiva em um equino foi confirmado no município, no último dia 4 de dezembro. Outros 11 casos, em outros animais, estão em investigação.
O primeiro caso confirmado este ano foi de um
equino do assentamento Recanto da Esperança, na zona rural do município.
Segundo informações do CCZ, os outros animais morreram com sintomas
característicos da doença eram 10 bovinos e outro equino.
De acordo com o comunicado, os criadores relataram
a morte dos animais de 4 a 5 dias após apresentarem os primeiros sintomas. O
material coletado foi encaminhado ao Instituto de Defesa e Inspeção
Agropecuária do Rio Grande do Norte (Idiarn) para análise.
Segundo dados do Idiarn, em 2021, foram 10 casos de
raiva em herbívoros confirmados no RN.
O médico-veterinário e coordenador do CCZ de
Mossoró, Genicleyton de Góis, explica que a única forma de prevenir a doença é
com a vacinação.
“Para os animais de produção como caprinos, ovinos,
bovinos e equinos, nós temos que sensibilizar esses produtores a vacinarem os
animais. Eles podem recorrer a vacinação na rede privada, de forma que possam
também prevenir e combater esse vírus”, reforça.
Uma dose da vacina contra a raiva em lojas de
produtos veterinários custa menos de R$ 3. De acordo com o diretor de defesa e
inspeção sanitária animal do Idiarn, Renato Dias, a vacinação contra a raiva em
animais de produção não é um programa de vacinação compulsória, a exemplo do
que acontece com a febre aftosa.
“Para raiva não funciona dessa forma. Já tivemos
portarias que tratavam da vacinação em alguns municípios. Mas nós entendemos
que a raiva passou a estar em todo estado desde que tenha a presença do morcego
hematófago, que transmite a doença. Mas nós não podemos eliminar esses animais,
porque eles tem sua importância no ciclo natural da fauna. Então temos que
fazer o controle deles, que é uma das funções do Idiarn”, explicou o diretor.
Na maioria das vezes a contaminação dos os animais
herbívoros acontece através da mordida dos morcegos hematófagos. O Idiarn
explica que após comunicado ao órgão, uma equipe realiza a investigação na área
onde há registro de casos, faz a captura desses animais e aplicação de uma
pasta vampiricida, para fazer o controle.
Vacinação contra raiva
O Rio Grande do Norte realiza anualmente a campanha
de vacinação contra a raiva em cães e gatos. Segundo dados da Secretaria de
Estado e Saúde Pública (Sesap), o RN atingiu a meta do Ministério da Saúde, que
é de 80% da população animal. Em todo RN 94,8% da população de cães e 96,9% de
gatos foi imunizada contra a doença. Em Mossoró, 98,4% dos animais nas zonas
urbanas e rural foram vacinados.
A imunização dos cães e gatos é importante para o
combate a doença, já que a raiva é uma zoonose, um tipo de doença que afeta
animais e que pode ser transmitida para os humanos. A transmissão da raiva
através dos animais de criação é semelhante a transmissão por animais
domésticos.
O contato direto com a saliva, mordidas ou
arranhões podem transmitir o vírus. Quando estão infectados, os animais podem
apresentar apatia, dificuldade motora, além de ficarem letárgicos, ou seja,
desanimados e se recusam a realizar as atividades diárias.
“O homem do campo tem o manejo e o contato com
esses animais é uma forma crítica pra que essa doença chegue ao homem”, explica
o veterinário do CCZ, Genicleyton de Góis.
Em 2021, um menino morreu após contrair raiva ao
ser mordido por uma raposa em Chapadinha, no Maranhão.
Orientações
Na última quarta-feira (8), equipes do CCZ, da Secretaria Municipal de
Agricultura e de Saúde de Mossoró, além de veterinários da Universidade Federal
Rural do Semi-Árido (Ufersa), estiveram no assentamento Recanto da Esperança.
Eles realizaram uma série de palestras com orientações para os criadores sobre
como proceder caso haja suspeita de sintomas característicos da raiva em
animais.
“Ao perceber os sintomas, a orientação é procurar um médico veterinário,
a secretaria municipal de agricultura e de saúde, para que o caso seja
notificado. Casos de raiva são de notificação obrigatória”, explica o
médico-veterinário Genicleyton de Góis.
A raiva é uma doença extremamente grave em animais e em humanos. A
orientação do CCZ é que em caso exposição ao vírus ou a um animal suspeito, a
pessoa procure um pronto socorro para que seja seguido o protocolo para esses
casos.
Os sintomas da doença em humanos pode se confundir com os de outras
doenças, como febre, moleza no corpo e indisposição, até progredir ao estágio
mais avançado da encefalomielite e levar a morte.
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