Uma gráfica de pequeno porte de um membro do diretório estadual do PSL —legenda do presidente Jair Bolsonaro— foi a empresa que mais recebeu verba pública do partido em Pernambuco nas eleições.
Sete candidatos declararam ter gasto R$ 1,23 milhão dos fundos
eleitoral e partidário na gráfica Vidal, que nunca havia participado de
uma eleição e funciona em uma pequena sala na cidade de Amaraji,
interior de Pernambuco.
Levantamento da Folha identificou que pelo menos 88%
deste valor, a quase totalidade dos repasses de fundo partidário e
fundo eleitoral, foram de responsabilidade oficial do presidente
nacional do PSL à época, Gustavo Bebianno, então coordenador de campanha de Bolsonaro e hoje ministro da Secretaria-Geral da Presidência.
O dono da Vidal Assessoria e Gráfica LTDA é Luis Alfredo Vidal Nunes
da Silva, 28, que se apresenta como presidente do PSL em Amaraji.
A Folha visitou nesta quarta-feira (13) a empresa. Na sala, havia duas máquinas e uma recepcionista.
Vidal esteve com o já presidente eleito Jair Bolsonaro em sua casa,
no Rio, em novembro. “Fui só para tirar uma foto”, diz ele, que foi o
responsável pela coordenação da campanha do presidente na Mata Sul de
Pernambuco.
Fundador e principal cacique do PSL, o deputado federal Luciano Bivar
(PE) também teve importante papel nessas decisões. À época presidente
licenciado, ele está novamente no comando da sigla.
Desde que a Folha começou a publicar no último dia 4 reportagens mostrando que o PSL usou um esquema de direcionamento de verbas públicas a candidatas laranjas, Bivar e Bebianno têm dado declarações conflitantes, apontando um ao outro como responsável pelos repasses.
Vidal é filiado ao PSL desde março de 2018, mesma época em que Bolsonaro e seus aliados entraram na legenda.
“Não vejo nenhum problema”, disse o dono da gráfica sobre ter
recebido mais de R$ 1 milhão de verba pública por meio de seu partido.
A estrutura modesta da gráfica contrasta com o volume de material que teria sido impresso no local.
Bivar, por exemplo, destinou R$ 848 mil à empresa para a impressão
—de acordo com as notas fiscais— de mais de 5 milhões de santinhos e
adesivos, entre outros materiais.
Érika Siqueira, ex-assessora de Bebianno no PSL,
declarou ter gasto R$ 233 mil na Vidal, de um total de R$ 250 mil
repassados. Ela foi postulante a deputada estadual e teve apenas 1.315
votos. O restante da verba, que totaliza R$ 56,5 mil, ela declarou ter
gasto em uma outra gráfica, a Itapissu, sem sinais de funcionamento
efetivo nos endereços que constam na Receita Federal e nas notas
fiscais.
Vidal diz ainda que abriu sua empresa em 2013 e que só investiu
“nesse negócio de cliente político agora”. “Coloquei quase 40 pessoas em
turno de 24 horas. No momento certo, eu vou apresentar [as provas].
Agora, não tenho aqui. É um negócio informal.”
Os outros candidatos que declaram gasto na firma são Major Pedro
Mendes (R$ 54,9 mil), Thiago Paes (R$ 40,5 mil), Silvio Nascimento (R$
25 mil), Frederico França (R$ 13,9 mil) e Fred Teixeira (R$ 13,7 mil).
Nenhum foi eleito.
Dona da Vidal ao lado do Mito.
FOLHAPRESS
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