Uma ação de controle implantada pela Controladoria Geral do Estado, em conjunto com a Secretaria de Trabalho, Habitação e Assistência Social (Sethas), constatou uma série de irregularidades no Programa Transporte Cidadão,
criado em 2016 e responsável pelo transporte intermunicipal gratuito de
pessoas em estado de vulnerabilidade dentro da Região Metropolitana de
Natal. O trabalho realizado se soma às auditorias realizadas no âmbito
interno do Executivo Estadual desde o início desta gestão e que já
economizaram em torno de R$ 154 milhões na receita líquida do Estado,
com a revisão ou cancelamento de contratos.
O relatório final, apresentado na tarde de hoje (27) na Sethas, foi
montado após três meses de análise documental dos processos licitatórios
e contratos firmados, pesquisas, entrevistas com responsáveis e visitas
in loco realizadas entre março e abril deste ano. Ausência de
regulamentação legal do Programa e de documentos nos contratos e
autorizações de empenho, indícios de direcionamento na licitação e de
ilegalidade ao incluir a cidade de Macau no itinerário, falta de
controle e fiscalização, além dos veículos sem acessibilidade ou licença
para trafegar são algumas das irregularidades constatadas.
“A fonte de recursos para o Transporte Cidadão é receita própria
oriunda de outros programas de Governo (o Restaurante Popular, com
cobrança de 1 real, o Café Cidadão e Sopa Cidadã, por 0,50 centavos,
cada). É dinheiro público, pago pelo contribuinte e até então mal
empregado. Esta foi apenas mais uma ação de controle de gestão realizada
pela Control, desta vez em parceria com a Sethas, para melhor
eficiência e economia da máquina do Governo, mostrando a
responsabilidade desta gestão com o patrimônio e o bem público”,
comentou o controlador geral do Estado, Pedro Lopes.
O Programa custa R$ 275.119,18 mensais
ao Estado, sendo R$ 212.657,60 de transporte (à empresa Transporte
Genipabu) e R$ 62.461,58 para monitoramento (à empresa Montecom
Segurança). Segundo o contrato, são dez ônibus com capacidade para
transportar 420 pessoas ao dia – passageiros com doenças crônicas, com
demência e seus acompanhantes, desempregados, gestantes, idosos e
beneficiários de programas de transferência de renda. No entanto, a
Control constatou que menos de 10 pessoas, em média, utilizam o serviço
ao dia e com apenas cinco ônibus disponíveis que não realizam o trajeto
firmado em contrato.
Diante do quadro, a auditoria recomendou, entre outras ações, a
imediata regulamentação do Programa à Lei Estadual nº 10.092/2016, o
cadastramento contínuo dos usuários, proibição ou restrição ao
transporte de usuários não cadastrados, mecanismos de controle diário
das viagens e números de usuários transportados, cumprimento rigoroso
das rotas, horários e pontos de saída e paradas, parcerias com
municípios para ampliar os acessos e controles, além da reestruturação
das equipes de execução (Sethas) e fiscalização (DER), no caso de
continuidade do Programa.
Tá só começando...
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