Deputada federal do PSL de São Paulo, Carla Zambelli
conseguiu que seu filho fosse matriculado no sexto ano do ensino
fundamental do Colégio Militar de Brasília sem que tivesse que passar
pelo processo de seleção de candidatos. A autorização para o ingresso do
menino, de 11 anos, foi publicada no último dia 30 no Boletim de Acesso
Restrito do Exército. A disputa por lugares no colégio é grande: em
2017, houve 1.212 candidatos para 25 vagas oferecidas para o sexto ano,
uma relação de 48,48 candidatos por vaga.
O Despacho Decisório 142/2019, que permitiu que o filho da
deputada entrasse na escola sem prestar concurso, informa que Carla
Zambelli solicitou a vaga por ter se mudado para Brasília depois de
empossada no cargo de deputada. Segundo o documento, ela afirmou que seu
pedido estava respaldado pelo artigo 92 do Regulamento dos Colégios
Militares.
O artigo, o último do Regulamento e que integra suas Disposições
Transitórias, diz apenas que casos considerados especiais poderão ser
apreciados pelo Comandante do Exército. O artigo tem caráter genérico e
não trata de questões específicas relacionadas ao acesso de alunos às
instituições. O Centro de Comunicação Social do Exército citou este
mesmo artigo para justificar a matrícula do filho da parlamentar.
Segundo o texto do despacho, o Departamento de Ensino e Cultura do
Exército manifestou-se “de maneira favorável ao pleito”.
A possibilidade de matrículas de alunos não aprovados em concurso é
citada em outro artigo do Regulamento, o de número 52. O texto diz que o
comandante do Exército pode autorizar esses casos “observados os
limites de vagas decorrentes da capacidade física e dos recursos humanos
e materiais do CM”. As exceções listadas no texto dizem respeito a
órfãos de militares ou de filhos de militares que tenham sido
transferidos de cidade.
Zambelli disse a VEJA que solicitou a vaga por causa de ameaças
sofridas por ela e por seu filho. Afirmou que essas ameaças, que
começaram em 2016, são feitas por um grupo que, segundo ela, está ligado
a dois massacres ocorridos em escolas brasileiras – o de Realengo, no
Rio (em 2011, que deixou treze mortos) e o de Suzano, no Estado de São
Paulo (em 2019, com dez mortos).
De acordo com a deputada, a polícia paulista considerou que seu filho
não estaria seguro em São Paulo e isso fez com que ela decidisse
levá-lo para Brasília e tentasse obter uma vaga no Colégio Militar, a
única instituição que ela considera suficientemente segura para o
garoto. Zambelli disse contar com proteção da Polícia Legislativa, mas
que esta segurança não contempla seu filho. Ela afirmou ter anexado
provas das ameaças no documento encaminhado ao Comando do Exército.
Ressaltou que o seu filho foi submetido a uma avaliação no Colégio
Militar de Brasília. Ele começou a frequentar aulas em março ou abril –
antes mesmo da autorização formal dada pelo Exército.
Fundadora do movimento Brasil Nas Ruas, que atuou em protestos que
pediam o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, a deputada é
uma das maiores defensoras de Jair Bolsonaro no Congresso. O movimento
chegou a ser condenado a indenizar o então deputado Jean Wyllys
(Psol-RJ) que, em postagem em rede social, foi acusado de defender a
pedofilia.
Brasil sem "corrupção" é outro nível seu moço.
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