O governo de São Paulo disse nesta quinta-feira (7) que a CoronaVac registrou 78% de eficácia nos testes clínicos feitos no Brasil. A vacina contra a Covid-19 é desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.
Ainda de acordo com o governo, a
vacina garantiu a proteção total contra mortes nos voluntários vacinados que
foram contaminados.
Os detalhes serão apresentados em
coletiva de imprensa às 12h45.
O estudo conclusivo mede a taxa de
eficácia do imunizante comparando quantos casos confirmados ocorreram nos
voluntários que receberam placebo e quantos naqueles que tomaram a vacina.
Com o resultado, o Butantan deve
enviar ainda nesta quinta à Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) o pedido de autorização para o uso emergencial e o registro
definitivo da vacina no país. A expectativa é a de que os
dados sejam analisados em até dez dias.
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Eficácia da vacina e mais
7 tópicos: entenda os conceitos em jogo
Testes
No Brasil, a vacina foi testada em 16
centros de pesquisas, em sete estados e no Distrito Federal. Treze mil
voluntários brasileiros participaram dos testes, que começaram em julho de
2020.
Adiamentos
Os resultados deveriam ter sido divulgados no dia 23 de dezembro, mas
foram adiados pela segunda vez pelo governo paulista.
Antes, a previsão era de que
eles fossem conhecidos no dia 15 daquele mês. Na ocasião, o
governo afirmou que por questões de sigilos contratuais, o governo paulista não
poderia antecipar quais foram os índices obtidos no Brasil. Na ocasião, o
secretário da Saúde afirmou apenas que o índice não havia chegado a 90%.
Eficácia
Na prática, se uma vacina tem 78% de
eficácia, isso significa dizer que 78% das pessoas que tomam a vacina ficam protegidas
contra aquela doença. A taxa mínima recomendada pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) e também pela Anvisa é de 50%.
No final do ano passado, a Turquia
informou publicamente ter chegado ao percentual de 91,25% de eficácia da CoronaVac em testes
preliminares feitos com 1,3 mil voluntários.
A CoronaVac usa vírus inativados.
Esta técnica utiliza vírus que foram expostos em laboratório a calor e produtos
químicos para não serem capazes de se reproduzir.
Análise
Em entrevista ao G1, a
microbiologista Natália Pasternak disse considerar o índice
"excelente". Ela explica que já era esperado que a CoronaVac tivesse
uma eficácia menor que as outras vacinas - porque ela é uma vacina de vírus
inativado; já as da Pfizer e da Moderna usam a tecnologia de RNA mensageiro.
"É completamente esperado. Uma
vacina de vírus inativado dificilmente vai ter a mesma eficácia do que vacinas
de RNA ou vacinas de adenovírus [vetor viral], que conseguem entrar na célula e
imitar, de uma forma muito mais efetiva, a infecção natural. Elas acabam
provocando uma resposta imune que é tanto de anticorpos como de resposta celular",
explica.
"A vacina inativada não consegue
provocar uma resposta tão completa. É esperado que ela tenha uma eficácia
menor. A eficácia de 78% da CoronaVac, ao que tudo indica, é uma eficácia
excelente e compatível com uma vacina de vírus inativado. Com uma boa campanha,
vai ser uma ótima vacina para o Brasil", afirma.
A vice-presidente do Instituto Sabin
de Vacinas, Denise Garrett, explica que o vírus inativado induz uma resposta
imune para todo o vírus - e não só para a proteína S, que é a que ele usa para
entrar na célula.
"Você tem a produção de
anticorpos para todas as proteínas na superfície do vírus. É como se diluísse a
resposta imune - para isso, eles usam adjuvantes, nesse caso, o alumínio",
afirma. Os adjuvantes servem para reforçar a indução da resposta imune gerada
pela vacina.
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