A Polícia Federal intimou Guilherme Boulos, coordenador do MTST
(Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e candidato a presidente pelo Psol em
2018, para prestar depoimento em inquérito aberto para investigá-lo com base na Lei de Segurança Nacional.
A
apuração foi aberta por determinação do ex-ministro da Justiça, André Mendonça,
que atualmente está na Advocacia Geral da União.
Boulos
é suspeito de ameaçar o presidente Jair Bolsonaro em uma publicação no Twitter. No post, feito em
20 de abril de 2020, o coordenador do MTST escreveu: “Um lembrete para Bolsonaro: a dinastia
de Luís XIV terminou na guilhotina”.
Em
nota, Boulos disse que foi convocado a depor sobre a publicação na
superintendência da PF em São Paulo em 29 de abril, às 16 horas. Para ele, o
uso da Lei de Segurança Nacional é “resquício
da ditadura que vem servindo ao governo para perseguir e tentar calar aqueles
que denunciam suas ações imorais e ilegais”.
“Tornei-me, assim, mais um dos opositores ao bolsonarismo a ser
enquadrado na Lei de Segurança Nacional”, disse. “Fui surpreendido com uma intimação para
depor em um inquérito aberto pela Polícia Federal, a mando do Ministério da
Justiça, por supostamente ter cometido um ‘crime contra a segurança nacional’
ao fazer um comentário sobre Bolsonaro no Twitter há exatamente um ano.”
Boulos
diz que seu tuíte rebateu uma fala de Bolsonaro, na qual o presidente disse: “Eu sou a Constituição”. A
declaração foi feita em 20 de abril de 2020 a apoiadores após o chefe do
Executivo ser alvo de críticas por sua participação em um ato que defendia uma nova
intervenção militar no país.
“Chega a ser irônico que eu esteja sendo alvo de um inquérito
policial por suspeita de ter ameaçado o presidente”,
afirmou. “Ela [a
fala de Bolsonaro] sim,
representa uma ameaça às instituições e à ordem constitucional no nosso país”, disse.
No Twitter, Boulos também se manifestou sobre a
intimação:
“Fui intimado pela PF na Lei de Segurança Nacional por um tuíte
sobre Bolsonaro. A perseguição deste governo não tem limites. Não vão nos
intimidar.”
Eis a íntegra da nota:
“Fui surpreendido com uma intimação para depor em um inquérito
aberto pela Polícia Federal, a mando do Ministério da Justiça, por supostamente
ter cometido um “crime contra a segurança nacional” ao fazer um comentário
sobre Bolsonaro no Twitter há exatamente um ano.
Tornei-me, assim, mais um dos opositores ao bolsonarismo a ser
enquadrado na Lei de Segurança Nacional, este resquício da ditadura que vem
servindo ao governo para perseguir e tentar calar aqueles que denunciam suas
ações imorais e ilegais.
Chega a ser irônico que eu esteja sendo alvo de um inquérito
policial por suspeita de ter ameaçado o presidente ao ter feito um comentário
rebatendo uma frase proferida por Bolsonaro (“Eu sou a Constituição!”) a qual,
ela sim, representa uma ameaça às instituições e à ordem constitucional no
nosso país.
Prestarei depoimento na próxima quinta-feira, dia 29, na sede da
PF em São Paulo.
Seguirei cada vez mais determinado na oposição a Bolsonaro,
fazendo todas as críticas a ele e a seu governo de forma pública e direta. Não
vamos aceitar intimidações. Não vão nos calar.”
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